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domingo, 20 de janeiro de 2013

TOUCHÉ

Atualizado em 25.01.2013
RATATOUILLE

"Qualquer um pode cozinhar!"  Hummm!

"Boa comida é como a música que se prova, a cor que se cheira."
"Há excelência a sua volta. É só ficar atento e apreciar os sabores. Cada sabor é único, mas junte um sabor com outro e cria-se algo novo." "Tem um certo sabor "ba-bum, zap."
Em um ângulo adverso a moral da história,e, ao retratar a busca de um sonho e sua realização; o valor de um herói que também erra (com certeza) e a transformação de um vilão em mocinho (mal posso acreditar nisso); limitar-se-á a fazer uma REFLEXÃO&OPINIÃO a partir do título da obra e seu protagonista.
A primeira vista, percebe-se que o nome Ratatouille traduz a idéia clara de um rato,e, o personagem principal é exatamente um rato.
Na verdade, a origem da palavra vem de "comida", uma contradição um tanto significativa quando o assunto é culinária e seu operador é um rato.
Porque haveria de unir-se a maior culinária do mundo um instrumento definitivamente tão desprezível e nojento?
Um jogo de palavras ou uma refinada demonstração dominante do crime organizado?
Ambos fazem a diferença.
A trama se inicia em uma casa velha, da zona rural na França, onde encontrava-se uma colônia de ratos, e em fuga, chegam ao esgoto de Paris.
Remy, um rato de personalidade carismática, humilde, compreensivo, simpático, asseado, era o adorável cozinheiro.
Emile, cúmplice e irmão de Remy, era engraçado. Não impressionava, mas se impressionava facilmente.
Django, Chefe do clã e pai de Remy e Emile, nunca se impressionava.
As evidências que levam a observar, paralelamente, a arte de cozinhar com o crime organizado, são abundantes.
NO primeiro momento do filme, se processa todo um caldeamento criminoso. Remy aparece roubando um livro de culinária de autoria de seu ídolo Auguste Gusteau, como se estivesse alertando o telespectador sobre o verdadeiro significado por trás das palavras e ações. Ele próprio questiona sua forma de vida: "é evidente que preciso repensar um pouco minha vida. Eu sou um rato! E a vida de um rato é muito difícil. Ratos é o que somos e somos ladrões."
Ao falar de um paladar e olfato altamente apurados, revela-se de um talento e habilidades inerentes a sua própria natureza.
Emile se surpreende ao ver as habilidades do irmão exclamando:

    "Tu sente toda essa parada? Tu arrebenta!

Um segredo que os dois irmãos passam a compartilhar.
Remy gerenciava uma maneira de colocar as patas na chapa e quebrar o obstáculo que o separava de seu sonho. Quando por caminhos impuros, sua inspiração e consciência o guiava a aceitar a sua maior fraqueza e desvendar uma meta que lhe desse uma condição de progresso.
Sua consciência se figurava no espírito de Gusteau, o maior cozinheiro da França, falecido após ter sua reputação abalada pelo maior crítico da culinária em Paris. A mesma consciência que o alertava sobre as consequências do "braseiro destruidor", era a mesma que o faz velar por ela, honrando-a e defendendo-a a todo custo, sem cobiças desmedidas. Dessa maneira, Remy consegue adentrar ao maior restaurante de Paris e alcançar a cozinha desse gênio da culinária que o inspirava.
Parece soar um tanto exagerado, mas todos os personagens de Ratatouille possuem uma função sintática criminosa, como se celebridades fossem. O Risco, o segredo, o ambiente, a trama, a arte; estão todos comprometidos.
Na cozinha, uma lição perene e viva: um universo dominado por homens. Cozer, enrolar, tramar, urdir, embromar, tardar, demorar. A organização da cozinha era impecável desde a hierarquia de um piloto de fogão até ao faxineiro.
Esnobes especialistas, cada qual a sua função - a teoria e a prática se harmonizam a cerca de tudo que diz respeito a arte culinária, as refeições são apuradas aos prazeres da mesa, proporcionando ao cliente a regalar-se em puro e fino apetite.
São todos artistas, piratas, mais que cozinheiros!

Lalo: fugiu de casa aos 12 anos e foi contratado por um circo como acrobata;
Horst: já foi preso por desfalque em empresa, roubou o maior banco da França usando apenas uma caneta. Fez, ainda, um buraco na camada de ozônio sobre o Avignon. Matou um homem com, apenas, o seu polegar.
Pompidou: joga cartas e já foi expulso de Las Vegas e Monte Carlo;
Larousse: fornecia armas para a resistência e não se sabe qual;
Skinner: Chefe da Cozinha, tinha um porte físico que retrata sua personalidade: olhos esbugalhados, cabeçudo, pequeno, mediocre, arrogante, autoritário, inconfiável, trapaceiro, um vilão que afirma ter a LEI do seu lado.
 Linguini: Inseguro e desajeitado. Não cozinha, e, é apenas o faxineiro até descobrir que é o único herdeiro de Gusteau;
 Collete: única mulher entre os homens e vaidosa em relação aos seus dotes culinários.
A comunição entre cozinheiros é de alto tom. Palavras às vezes agressivas e um vocabulário do tipo facção eram predominantes e característico de um clima necessariamente em risco e com prazo determinado - "cinco minutos, chefe!"; "Porta do forno aberta!"; "Idiota, "eu deveria fazer picadinho de você!"; "depressa! vamos logo!"; "um cozinheiro faz, o ladrão pega".
A organização é o marco zero e a ordem é manter o fogão sem bagunça. Movimentos rápidos se destacam em meio a objetos afiados e o metal quente. Cada segundo conta.

"Com braços recolhidos ...não se corta e nem se queima mantendo as mãos limpas. A marca de um chefe é o avental sujo e as mangas limpas."

Os ingredientes são os melhores,caso contrário, suborne o produtor. Essa parada de cozinhar até parece está se envolvendo num crime. 

Deixa o aroma te levar! E porque deixamos?
boa culinária não é para os fracos de coração. É para mentes criativas, corações fortes. As coisas podem até dar errado, mas não deve deixar ninguém definir seus limites a partir de sua origem. O único limite é a sua alma. O que digo é verdade: qualquer um pode cozinhar! Mas só os que tem coragem sempre se destacam.
O lema de Gusteau's atinge a dois públicos diferentes: o primeiro defende a tese que qualquer um pode cozinhar, mas só será bem sucedido quem tiver talento e habilidade, e em segundo, quer provocar os críticos da culinária que sentem o prazer em destruir o sucesso alheio, seja por, ganhar fama com críticas negativas, seja por puro "ego" - vaidade pessoal de julgar-se mais importante ou melhor que outro.
Neste plano, a produção de Ratatouille foi magnífica na criação do personagem Anton Ego. O nome já explica sua personalidade e acrescenta outras mais desprezíveis: altivo, arrogante, corcunda, vareta, mesquinho - um faxineiro na linguagem e cenário do crime organizado.
Faxineiro por refletir a imagem de um verme rastejando em busca de ascensão e fama sob as ordens de um patrocinador que objetiva lucrar e nunca ser capa de revistas.
Poderosos que escolhem a humanidade como seu brinquedo especial.
Observe o espaço de trabalho de Anton Ego. Em geral, um local amplo, de estrutura rústica e palaciana. Fúnebre por adequar sua sala, engenhosamente, um formato de caixão, e, por ser a pintura de cores, que, apenas o demônio desejaria e o inferno explicaria. Uma sepultura para a realeza ou uma representação do próprio "eu", ou a submissão que o estremecia.
A máquina de escrever tinha o formato do esqueleto de uma cabeça que não hesitaria, por crítica, um ataque frontal ao prato, cujo mérito, não estivesse ao alcance da "música que se prova e da cor que se cheira".
Outros aspectos internos do restaurante formam uma simetria da arte de cozinhar com o crime organizado. Momentos que descrevem a situação:
1. os ratos conversam entre si, mas não conversam com humanos;

2. Linguini quando leva Remy pela primeira vez a sua casa, mostra a simplicidade dela, de aparência ruim, desorganizada e constituída com o essencial para a vida. Causa a impressão de um sequestro em cativeiro, até mesmo quando Remy veda os olhos de Linguini com uma gravata, controlando-o como a uma marionete e aperfeiçoando seus reflexos para o ato de cozinhar.
3. No mesmo sentido, o chefe Skinner, velava-se a costume e se guardava, escondendo o testamento deixado a Linguini para herdar o restaurante Gusteau's, dando continuidade ao projeto de comercializar pratos congelados brasileiro, americano, chinês, mexicano e escocês. Pratos criteriosamente escolhidos: o churrasco brasileiro, o cachorro quente americano e burritos mexicano.
Raios que te parta! As especialidades são salmão a vapor, sopa, duas costelas de cordeiro, alho poró, dois salmões, três saladas mistas e três filés.
Pedido especial: Miúdos a La Gusteau - "cada um dos meios que a ambição e/ou a astúcia se valem para alcançar ou apreender aquilo que as tenta." (Dicionário Aurélio)
"Moela de vitela cozida, em crosta de sal de alga marinha, com tentáculos de sépia, purê de rosa selvagem, ovas de moluscos, fungos brancos e molho de anchova".
Remy modifica a receita de Gusteau's e acrescenta óleo de trufas brancas.

    "Parada bem interessante: mastigue devagar e saiba fazer 
              patatá e ratatatá" (tatá)
              Alecrim! Erva doce! Açafrão!
4. Notar-se-á, também, que o inspetor da vigilância sanitária é sequestrado, e logo em seguida, o chefe Skinner, após descobrirem que ratos infestam a cozinha do restaurante.
Com Remy a reputação do restaurante Gusteau's estava sendo restaurada. A branda harmonia favoreceu o desenvolvimento espetacular da arte de cozinhar. Malgrado o sucesso de Remy, ele era um rato. Nenhum homem de bom senso aprovaria essa união.
Ratos não deixam seus ninhos, eles aumentam. E o que acontece quando um rato fica muito a vontade perto dos humanos?
O mundo em que vivemos pertence ao inimigo. Temos que viver com cuidado. Zelamos pelo bem estar de nossa espécie e no fim das contas só temos a nós mesmos. E é assim que as coisas funcionam. Ninguém pode mudar a natureza das coisas.
Remy depreende-se de adorável encanto, de talento culinário, de arrojo, de valor redobrado, de solidariedade e humildade raras vezes vistas, porém, toda a sua aparente grandeza pertence a inteligência do crime organizado.
Deus disse a seus filhos: "eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos, seja prudente como as serpentes e simples como as pombas".
"A única coisa previsível da vida é que ela é imprevisível".
Remy responde as alfinetadas com força generosa: "a natureza está sempre mudando e essa responsabilidade tem que ser nossa. A começar pelas nossas próprias atitudes."
Excelente! Porém, ineficaz.
A reputação do restaurante Gusteau's é consagrada com um prato chamado "Ratatouille" que significa comida ou triturar. Composto por vegetais, foi o prato que paralisou o maior crítico da culinária francesa Anton Ego, remetendo-o, a comida caseira de sua mãe. De praxe, nenhuma comida no mundo supera aquele sabor caseiro que faz parte singular de toda a sua vida. E Remy conseguiu atingir Ego bem no alvo.
Ao descobrir que um rato era o chefe da cozinha, teve que se retratar quanto ao desdém sobre o famoso lema de Gusteau - "qualquer um pode cozinhar", admitindo e compreendendo, que, o que  ele queria dizer é que "nem todos podem se tornar um grande artista, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar".
 Outras duas críticas muito importante por Ego, expõe:

"a mais simples porcaria, talvez seja mais significativa do que  a nossa crítica."
Imagine que essa porcaria esteja se referindo a mediocridade, e que por trás dela, algo de muito valor exista. Um mundo hostil  que controla novos talentos, novas criações, e que são submetidos a ser o que não são, contrariando a sua vontade. É matar ou morrer!


o novo precisa ser incentivado. Ontem a noite experimentei algo novo. Um prato extraordinário de uma fonte inesperadamente singular. Dizer que tanto o prato quanto quem o fez desafia a minha percepção sobre gastronomia é extremamente superficial. Eles conseguiram abalar a minha estrutura.
Considere, aqui, que é preciso coragem para mudar e enfrentar esse mundo insano de ratos. Abalar, realmente, toda a estrutura.
Como não poderia deixar de ser, o sistema é bruto. O restaurante Gusteau's foi fechado pela vigilância sanitária.
Remy, Linguini e collete montaram outro restaurante com o nome "Ratatouille" e Remy continuava como chefe de cozinha. Ao que parece ninguém tinha conhecimento sobre o fato, e isso explica a afirmativa anterior: excelente! Porém, ineficaz. É ilegal e imoral a conduta praticada por mais admirável que seja o rato.
Como ratos, eles agiram, desafiaram e insultaram a ordem. Também, bem sucedidos seguem em frente. Em vez de negá-los, se expandem por debaixo da moral, "herdam a alma da espécie", "saturam-lhes essa tontice humana" que os encrespa o caráter.
A colônia de ratos exsurge do lixo ao luxo como uma elite social e não mais se alimentará das porcarias do lixo de sua cidade.
Ignoram "que a verdade é a condição fundamental da virtude", e sem ela, "não há leadade consigo mesmo". 
Defendendo a tese de que Anton Ego não apenas concebeu, mas percebeu a realidade dos fatos, razões pela qual foi demetido e motivado a criar seu próprio negócio, concluir-se-á a moral da história com conteúdo retirado do filme "CONDUTA DE RISCO":
"De repente me senti com a sensação de que estava coberto por uma espécie de película grudada no meu cabelo, no meu rosto. Era como um glacê, uma cobertura. E no começo eu pensei.. ah, meu Deus! Eu sei o que é isso! É um tipo de líquido amniótico! Eu estou ensopado da placenta, eu rompi a bolsa, e eu, nasci de novo! Mas então, não, não e não. Não é um renascimento! Isso foi um tipo de ilusão idiota de renovação idiota que acontece no momento que antecede a morte. Então, eu me dei conta e tive uma sensação vívida e clara, que não tinha emergido das portas daquela sala. E idem, e nem dos portais da nossa grande e poderosa firma de advocacia, mas do ânus de um organismo, cuja a única função, é excretar um veneno, a munição, o desfolhador necessário para que outros organismos maiores e mais poderosos destruam o milagre da humanidade. Eu me completo com essa camada de fezes a melhor parte da minha vida e vou levar o resto da vida para tirar o fedor dela e  a mancha que deixou. E sabe o que fiz? Eu respirei fundo e tirei isso tudo da cabeça. Eu disse a  mim mesmo: por mais claro que seja, por mais contente que seja esse sentimento, por mais verdadeiro que tenha sido, hoje eu percebi que tenho que esperar. Isso tem que passar no teste do tempo, e o tempo é AGORA." 
E quer saber? Gusteau também tinha um rato cozinheiro. Tal Pai, tal filho.

     "Muito conhecimento dos vegetais, as vezes, não é bom!
REFERÊNCIAS:
CONDUTA DE RISCO.
Direção:  Michael Clayton. Duração: 119 minutos (1 hora e 59 minutos) Gênero: Drama Direção:  Tony Gilroy Ano: 2007 País de origem: EUA. Elenco:  George Clooney, Tom Wilkinson, Sydney Pollack, Julie White,  Tilda Swinton, Julie White,  Austin Williams, Jennifer Van Dyck, Frank Wood, Bill Raymond, Sharon Washington
Dicionário Aurélio

IMAGEm da Internet

INGENIEROS, José. O homem medíocre; tradução: Lycurgo de Castro santos; São Paulo: Ícone, 2006.

RATATOUILLE. Duração: 110 minutos (1 hora e 50 minutos). Gênero: animação. Direção: Brad Bird. ano 2007. País de origem: EUA. elenco: Patton Oswalt, Ian Holm ,Lou Romano, Brian Dennehy ,Peter Sohn, Peter O'Toole, Brad Garrett , Janeane Garofalo , Will Arnett , Julius Callahan , James Remar , John Ratzenberger



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