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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

FATOR RH

"O MAIOR PRESENTE DE TODOS" E HÁ UMA ESCOLHA A FAZER.



YB & S era um hospital benevolente e reconhecido por salvar vidas. Uma estrutura absolutamente inovadora e modular, mas nada que se comparava a uma determinada área exclusiva de emergência. Espaço interno designado ao Banco de Sangue e mapeado por uma plaqueta que continha três palavras em alto relevo: "amor vincit omnia".
O Exemplo da mais alta solidariedade estava prestes a ser importunado pelo fanatismo.
No refrigerador armazenava-se a 15º C e 30º C o império sanguíneo constituído de todos os tipos do Sistema ABO.  O mais requisitado era o fator RH O-, por ser este, um DOADOR UNIVERSAL. Por outro lado, o Fator RH AB+, RECEPTOR UNIVERSAL, se detinha na "própria impotência para marchar"  devido a sua raridade.
Por aptidão nativa, revelou-se soberbo e onipotente. Finca seu poder a zombar da humildade absoluta do Fator RH O-.


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Então, glóbulos vermelhos RH -!

1. Chamam-se de gênio as células que aglutinam a qualquer um?
2. "O poder de conceber está subordinado ao de perceber?"
3. A sensibilidade própria é a determinante de seu aperfeiçoamento nervoso?
4. "a absoluta unidade e continuidade do esforço" é síntese da loucura e da degradação sanguínea?
5. O seu valor mede-se pela imaginação?
"Com simpatia risonha, recorda-se as burlas de vizinhos e crianças da sua escola, quando o viam a aglutinar-se a outras células, em direção a formar anticorpos para células mais simples ou com ausência de RH+? Tinha que estar louco esse mestre que passava dias inteiros se doando e "desenterrando esses ossos de animais estranhos".
6. "Passar mais desapercebido e atenuar sua reputação de inadaptado"?
"Basta ler sua imensa obra - centenas de volumes - para compreender que apenas apresente os desequilíbrios inerentes à sua exuberância".  Seus descobrimentos, grandes e úteis, nunca foram adivinhados ao acaso nem na inconsciência, senão por uma vasta elaboração; não foram frutos de um cérebro carcomido pela herança ou pelos tóxicos, senão de engrenagens perfeitamente treinadas; não ocorrências, senão colheitas de semeaduras prévias; jamais casualidades, senão claramente previstos e anunciados". (INGENIEROS, 2006, p.241) 
7. " (...) que a degeneração e a loucura possam coexistir com a imaginação criadora, afetando especiais domínios da mente humana"?

Olhai diante de ti o verdadeiro gênio! 
Não necessito de sua servidão, e tão pouco, "supor-me caído, sob baixo nível comum".
Se assim não for, em que consiste então a vasta e caridosa obra  de seu FATOR RH -?

Diplomaticamente, ergue-se o FATOR RH O- frente ao FATOR RH AB+, respondendo-lhe:
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Sem embargos, permita-me lhe dizer que:
"É mais simples e mais excepcional ao mesmo tempo. Mais simples, porque depende de uma complicada estrutura do cérebro e não de entidades fantásticas; mas excepcional, porque o mundo pulula de enfermos e rara vez se anuncia um Ameghino. (INGENIEROS, 2006, p.238-239)
"a genialidade se traduz por uma absoluta unidade e continuidade do esforço, que é a antítese da loucura". Também, a "degeneração e a loucura possam coexistir com a imaginação criadora, afetando especiais domínios da mente humana; mas a capacidade para a síntese mais vasta não necessita ser desequilíbrio nem insanidade. Nenhum gênio o foi por sua loucura; foram, pela enfermidade, submergidos na sombra". (INGENIEROS, 2006, p.240)
"Nascemos diferentes, há uma variadíssima escala desde o idiota até o gênio. Nasce-se em uma zona deste espectro, com aptidões subordinadas à estrutura e a coordenação de células que intervêm na elaboração do pensamento; a herança concorre a dar um sistema nervoso, agudo ou obtuso, segundo os casos. A educação pode aperfeiçoar essas capacidades ou aptidões quando existem; não pode criá-las, quando faltam: Salamanca não as empresta". (Ibidem, p.239)

Concluindo Amigo,

Escuta-me um pouco.
Sou fiel servidor da tua alma nos caminhos da evolução.
Corporifiquei-me, vencendo obstáculos da ignorância e dificuldades do orgulho para ajudar-te.
Não me transformes em adôrno secundário nas prateleiras das estantes da tua casa.
Nunca te importunarei ...
Minha voz chegará ao teu cérebro somente quando te disponhas a escutar-me.
Jamais me cansarei de repetir-te sem enfado e com o mesmo carinho, os mais nobres ensinamentos.
Não me queixarei quando a exasperação atirar-me sobre a mesa ou a cólera esfacelar-me o corpo.
Nasci com o sacrifício das árvores e vesti-me de branco para que o suor das meditações e as lágrimas da experiência dos outros me tingissem as páginas e o amor pudesse bordar-me de luz para clarear as noites do teu pensamento.
Somente eu conseguirei aconselhar-te sem que enrubesças de pudor e constrangimento e somente eu silenciarei quando não me queiras ouvir.
Transformar-me-ei em abençoado estímulo e darei forças a seus pés claudicantes na romagem difícil.
Farei da bondade o motivo central das tuas horas e, compreensivo, ajudar-te-ei discretamente a lutar e a vencer.
Influirei na tua vida como não podes imaginar e contigo incutirei na comunidade inteira diretrizes superiores da vida.
Apóia-me e apoiar-te-ei.
Recebe-me e abrirei muitas portas para que passes livremente.
Se, todavia, me relegares ao abandono, serei um amigo morto sem expressão nem valor.
Emudecido, não tenho significado.
Fechado, sou candidato à inutilidade e ao lixo.
A margem, perco-me em sombras.
Todas as expressões que os minutos me gravaram quedam-se em abandono.
Sem que o teu pensamento me atinja, nada posso fazer para ajudar-te na perturbação e, sem o meu concurso, a treva, a breve tempo, terá dominado o teu corpo, deixando-te sem luz nem vida.
Em atividade, porém, proponho-me a enobrecer-te, para que, entre os meus, o teu caráter não se envileça nem o teu coração se insensibilize na indiferença,
Enquanto estejas a ouvir-me, escreverás, também, as páginas do livro da tua vida, nelas gravando, com os teus atos, palavras e pensamentos, as experiências que te confiarei.
Mesmo que me desprezes, um dia, surgirei diante de ti, no tribunal da vida verdadeira, apresentando ao Mestre Divino a escrituração da tua jornada, em caracteres firmes e claros, onde identificarás, do teu próprio punho, as experiências malogradas nos dias de insânia e desídia. (RODRIGUES, p.307-309)
Enfim, é só um aviso para que compreendas que posso ser tudo que és, mas prefiro continuar sendo o que sou. E você? Poderia dizer o mesmo?


REFERÊNCIAS:

IMAGENS da Internet

INGENIEROS, José. O homem medíocre; tradução: Lycurgo de Castro santos; São Paulo: Ícone, 2006.

RODRIGUES, Amélia. Conheça seu idioma. Aplicação Gramatical. Texto: Apelo do Livro nobre. Editora Coleção FTD Ltda. Vol IV.I



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