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sábado, 28 de setembro de 2013

MOSCAS CONTENTES E VERMES FEDENTES


Nesta manhã... pude ver o caminhar de quem não sabe andar.
Para agradar Dom Ratão a moscaria seguia a rua principal do lixão. Cantarolavam como prece a espera de um milhão:

"Não fique triste que esse mundo é todo teu. Tu és muito  mais bonita que a camélia que morreu"
"Mamãe eu quero mamar!

_Aí bate o ponto _ respondeu Dom Quixote _ aí é que está o fino do meu merecedor caso; ensandecer um cavaleiro andante com causa não é para admirar nem agradecer: o merecimento está em destemperar sem motivo, e dar a entender à minha dama que se em seco faço tanto, em molhado o que não faria? Quanto mais, que razão não me falta com larga ausência que tenho feito da sempre senhora minha Dulcinéia del Toboso! (...)´Quem está ausente, não há mal que não tenha e que não tema´. Portanto, sancho amigo, não gastes tempo em me aconselhar que deixe tão rara, tão feliz e tão nunca vista imitação. 
Louco sou, e louco hei de ser até que me tornes com a resposta de uma carta que por ti quero enviar à minha senhora Dulcinéia; e se ela vier tal como lho merece a minha lealdade, acabar-se-ão a minha sandice e a minha penitência; e se for ao contrário, confirma-me-ei louco deveras, e assim não sentirei nada. Portanto, de qualquer maneira que ela responda, sairei do trabalhoso passo em que me houveres deixado, gozando ajuizado do bem que me trouxeres, ou, se me trouxeres mal, deixando por louco de o sentir. Mas dize-me cá, Sancho, trazes bem guardado o elmo de mambrino? Que eu bem vi que o levantaste do chão quando aquele desagradecido o quis espedaçar, mas não pôde, prova de fineza da sua têmpera.
(...) olha, Sancho, (...) tens o mais curto entendimento que nunca teve, nem tem, escudeiro do mundo. Pois, é possível que andando comigo há tanto tempo, ainda não tenhas reconhecido que todas as coisas dos cavaleiros andantes parecem quimeras, tolices e desatinos, e são ao contrário realidades? E donde vem este desconcerto? Vem de andar sempre entre nós outros uma caterva de encantadores, que todas as nossas coisas invertem, e as transformam, segundo o seu gosto e a vontade que têm de nos favorecer ou destruir-nos. Ora aí está como isso, que a ti te parece bacia de barbeiro, é para mim elmo de Mambrino, e a outros se figurará outra coisa, e foi rara providência do sábio que me favorece fazer que pareça bacia o que real e verdadeiramente é elmo de mambrino; e a causa vem a ser; porque, sendo ele traste de tanto apreço, todo o mundo se o conhecesse, me perseguiria para mo tirar; como porém entendem que não passa de bacia de barbeiro, não fazem caso de se matar por ele, como bem mostrou por sua parte o que diligenciou quebrá-lo, e o deixou no chão em vez de o levar; conhecera-o ele, e veríamos se o deixava assim. 
(...) _ Já tenho dito, e por muitas vezes, Sancho _disse Dom Quixote _ que és um grande falador; e, ainda que de bestunto roceiro, muitas vezes frisas em sutil; contudo, para te convencer de quão rombo és tu, e eu discreto, quero que me ouças um breve conto. (...) Assim, Sancho, para o que eu quero a Dulcinéia del Toboso tanto vale a ela como a mais alta princesa do mundo. Olha que nem todos os poetas que louvam damas debaixo de um nome que eles arbitrariamente lhes põem as têm na realidade. Pensas tu que as Amarilis, as Filis, as Silvias, as Dianas, as Galatéias, e outras queijandas de que andam cheio os livros, os romances, as lojas de barbeiros, os teatros das comédias, foram realmente damas de carne e osso, e pertencem aqueles que as celebram  e celebraram? Decerto que não. As mais belas inventaram-nas eles para assunto dos seus versos, e para que os tenham enamorados, e homens de valia para o serem. Segundo isso, baste-me a mim pensar e crer que a boa da Aldonça Lourenço é formosa e honesta. Lá a sua linhagem importa pouco; não hão de ir tirar-lhe as inquirições para dar-lhe a algum hábito; para mim faço de conta que é a mais alta princesa do mundo. Porque hás de saber, Sancho, se o não sabes, que há duas coisas só que que mais que todas as outras incitam a amar; são a formusura e boa fama; e ambas estas coisas são em Dulcinéia extremadas, porque em lindeza nenhuma a iguala, e em boa nomeada poucas lhe chegam; e, para acabar com isto, imagino eu que tudo que te digo é assim, sem um til de mais nem de menos; pinto-a na fantasia como a desejo assim nas graças como no respeito; nem Helena lhe deita águas ás mãos, nem Lucrécia, nem outra alguma das famigeradas mulheres das idades pretéritas, grega, bárbara ou latina; digam o que quiserem; se por isto me repreenderem os ignorantes, não me condenarão os justiceiros.

Ditosos e felicíssimos tempos, em que ao mundo veio o tão audaz cavaleiro Dom Quixote de la Mancha pela sua mui honrada determinação de restituir ao mundo a já quase esquecida ordem da cavalaria andante! Saboreamos nós agora, nesta idade tão falta de passatempos alegres, a doçura de estarmos lendo a sua verdadeira história e os contos que nela se travam como episódios; estes em boa parte não são menos agradáveis, artificiosos e  verdadeiros que a história mesma.
_ (...) Ai, desditosa! quão mais agradável companhia não farão estas penhas e moitas ao meu sentimento, pois me proporcionarão comunicar estas queixas com o céu, e não a criaturas humanas! Na terra já não há com quem se possa tomar conselho nas incertezas,alívio nos queixumes, nem remédio na desgraça.
(...) Talvez que a minha pouca ventura só nascesse da que também lhes faltou a eles por não nascerem ilustres. Verdade é que não são humildes que se devam envergonhar do seu estado, nem também tão altos que me tirem a cisma em que estou de ser a minha desgraça efeito da sua humildade. (...) porque a experiência me tinha ensinado ser a música uma suavizadora dos ânimos alterados e um alívio para os trabalhos de espírito. 
(...) se tão por miúdo a contei (a vida), não foi por ostentação, nem por alardo de riquezas, mas só para que reconheça quanto sem culpa caí daquele bom estado neste em que hoje me encontro.

REFERÊNCIA:

CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha.Tradução: Conde de Azevedo e Visconde de Castilho. São Paulo: Martin Claret. Vol. I, 3ª ed. 2007, p. 265, 266, 272, 273, 305 e 309.

Pela Senhora Dulcinéia del Toboso, a Camélia e a Jardineira vivem muito mais que antes. São o que há de melhor.






sábado, 14 de setembro de 2013

NATURALLY



Se as mensagens que conhecemos e adoramos fossem aplicadas para que pudéssemos transformar nossas vidas, não teríamos que dos erros se arrepender. Mensagens maravilhosas que tocam o coração e que as desejamos a todos que amamos. Beleza que se perde no cotidiano diante da nova era que surge e que fascina. Enquanto bitolados no mundo virtual de obscenidade, mentiras, fantasias, entranhando-se cada vez mais nesse mundo alegre de emoções que nos fazem acreditar que somos mais felizes, perdemos nossas garantias de viver "os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa",  da cooperação entre os povos, da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem.  Mergulhamos no sonho de vida melhor, em que pessoas sem escrúpulos nos oferece com muita facilidade. Por isso, sem perceber, abrimos mão de Direitos sagrados e substanciais. A natureza é o melhor reflexo das condições primárias que todo ser humano necessita para sua sustentabilidade e sua degradação o melhor exemplo de nossa inércia. E o que fazemos diante das perdas? Nada, pois, os efeitos ainda não são vinculantes, mas individuais e raros. Verse sobre o que versar, o direito substancial é sua própria vida da qual não se pode dispor. Está chegando o momento em que teremos que decidir nossas vidas com harmonia, seja qual for a verdade. Sem saber que caminho seguir, ficaremos defronte a dúvida. O futuro brilhante estará em cada um de nós exercer atividades que devem convergir para o bem de todos. "Levante todos aqueles que estiverem caídos ao seu redor, você não sabe onde seus pés tropeçarão."





sexta-feira, 26 de julho de 2013

O CRIME EM FORMA DE ARTE 2

Na madruga sombria, a  invasão e o crime se consuma em 10, 20 e 26 de julho de 2013. Imagine só como vai ser a minha morte. Dessa gente, tudo é possível e lá vou eu...


Explica o personagem O´Brien:

Só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro. Mas poder pra quê? A resposta de O´Brien nos diz o que já sabemos sobre a opressão em toda parte. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder.
(...) é uma sociedade estática movida por um equilíbrio do sofrimento. Diz O´Brien: se você quer formar uma imagem no futuro, imagine uma bota pisoteando um rosto humano - para sempre. (ORWELL, 2009, p. 387)

"O fato de que um homem deve ser assassinado não é algo divertido, escreveu Raymond Chandler, mas ás vezes é divertido que ele deva ser assassinado por tão pouco, e que sua morte seja a moeda do que chamamos de civilização." (ORWELL, 2009, p. 409)

E se assim não for, eu fiz tudo que pude contra o totalitarismo e a tirania de um governo corrupto.

REFERÊNCIA:

ORWELL, George. 1984; tradução alexandre Hubner, Heloisa Jahn; posfácios Erich Fromm, Ben Pimlott, Thomas Pynchon. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.










É, AGORA QUEBROU!
ENTÃO VAMOS BRINCAR:
















quinta-feira, 25 de julho de 2013

"ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS"

 Pequena atualização ao final em 07.09.2017

UMA INTERPRETAÇÃO DO "MUNDO SUBTERRÂNEO"
Sem mergulhar na sequência de fenômenos psíquicos – imagens, representações, atos, idéias, que fazem parte do mundo de fantasias de Alice, o sonho, o ego, o superego, ser ou não ser ela, um reflexo de todos os personagens envolvidos na trama, e das inúmeras considerações analíticas, dedico apenas a criticar a sociedade da época. Uma viagem no tempo dando ênfase a tudo aquilo que não se pode ver.

Família, sociedade, status, Estado. “Nobreza, tortura, hierarquia, nomeações, tudo isso vos trás orgulho!”

“Podemos ver essas famílias burguesas em harmoniosos almoços nas telas impressionantes, observá-las, com filhos e tudo, em ilustrações de época, apreciando os itens expostos na grande exposição de 1851, em Londres; e acompanhar seus movimentos no palco, nas peças de Schnitzler, envolvidas em tramas amorosas, interessantes e multifacetadas, em toda a sua gloriosa sobriedade. Tal como em outras sociedades ou classes, os burgueses do século XIX construíram suas próprias racionalizações, que lhes permitiram atacar a outrem, criticar, ridicularizar, policiar e excluir, explorar e as vezes matar. E apesar de todas as suas percepções de um mundo perpetuamente ameaçador, os vitorianosforam extremamente comedidos em seu comportamento doméstico e social em comparação com outros burgueses.” (MINCHILLO, 2005)

Uma narração refinada sobre a origem da vida, seus atores e um lugar que não existe. O álibi perfeito para retratar o que somos e onde estamos, ou seja, “no país das maravilhas”.
Carrossel de sonhos que flui ao redor do mundo na materialização de nosso contexto histórico. O foco central dessa materialização é demonstrado a partir de um “Mundo Subterrâneo” onde apenas os sábios, os matemáticos e os convidados poderão alcançar. Por vias criteriosas e secretas, a primeira aparição geográfica é representada pela sociedade burguesa e pelo “White Rabbit”, embora haja uma alusão clandestina deste último perante essa sociedade, ambos possuem ramificações ascendentes.
O manipulador “White Rabbit”, está sempre compressa e observando o relógio (tempo). A questão do tempo, é indispensável para retratar um intervalo que deve separar dois impulsos consecutivos e dois acontecimentos. Tempo, também, em que uma mensagem é gerada até o instante em que é recebido. É preciso distinguir o que é Real e o que é Irreal.
Quando Alice é induzida a seguir o coelho branco até a toca, ela cai para o interior desta que mais parece um “Túnel do Tempo”, traduzido por, objetos antigos variados e flutuantes, tais como, um bule, quadros, estantes, trono ou cadeira, escrivaninha, livros, caveira, um piano que trás a imagem do assustador Freddy Krueger; uma cama que amortece a queda de Alice, e que por outro lado, insinua tantas emoções monárquicas ...
Atenho-me a dirigir esses objetos sumariamente a uma análise de retorno ao passado.
Exsurgindo de uma matriz confusa, Alice se vê em um espaço físico limitado e um mundo de cabeça para baixo. Sua cabeleira remonta uma peruca à francesa, mais inglesa. O interessante é que o solo onde ela cai possui formato de um tabuleiro de xadrez dentro de uma Capela. As indicações materiais e monumental da construção, foram minuciosamente detalhados na cena – das portas ao teto; como de costume no período.
O jogo é a base de tudo e a estratégia está em como essas peças ficarão dispostas, até o então, irrevogável xeque-mate. Ao apontar a geografia, o problema e o desafio, notar-se-á que a história sempre foi e sempre será linhas de forças e combates; e de que modo a verdade da história pode ter efeitos políticos.
A questão que nos inquieta é como as instituições (Estado, família, trabalho e etc.) se comunicam diante de uma sociedade de controle e de disciplina. Como fugir disso?
“Sob um primeiro olhar, parece-nos impossível pensar em algum tipo de resistência ao império das imagens veiculadas nos meios de comunicação de massas.” (MENDONÇA, 2003)
Era preciso acreditar. Não há lugar para as dúvidas, mas para os riscos.
Diante dessas considerações, arriscar seria o caminho mais sensato; e mais que obedecer as regras, era iniciar onde “principia a intuição”. Nesse impasse, a vida sempre nos dá opções para fazer nossas escolhas, e a Alice, foi concedido duas: na mesa, um suco onde o rótulo determina –“ BEBA-ME”. No chão, uma fatia de bolo onde rótulo determina “COMA-ME”. Percebe-se aqui, uma referência religiosa que se manifesta como um ato de Eucaristia: “Tomai e comei todos vós, este é o meu sangue e o meu corpo que é dado por vós.”
Tal como, todos os aflitos e oprimidos, Alice se entrega a “primeira virtude Teologal: adesão e anuência pessoal a Deus, seus desígnios, e manifestações”. Fonte de vida, de salvação e realização. “Arbusto da família das malváceas, cujas flores, púrpuras, se comem cozidas ou em saladas, campainha.”

Mil bênçãos lançaram Alice para fora do tabuleiro de xadrez ao “País das Maravilhas”. Belo, mágico e colorido, mas sombrio e perigoso. “Halo”! Sua áurea revestida de esplendor moral, prestígio e glória são recebidas pelo reino animal convergente: um porco que atravessa o caminho de Alice; e em seguida, um Dragão e um Cavalo Branco. A tríade de uma rede global que simboliza Povo, Poder e Resistência, respectivamente. E o que um porco estaria fazendo nesse mundo de belas fantasias, embora obscuro?
Comparando a nossa realidade, os porcos somos nós saindo do espeto para a degustação saborosa, lenta e sarcástica da POLÍTICA IMUNDA.

Exemplificando o comentário, a Rainha de Copas ao sentar em seu trono, exclama: “Adoro uma barriga de porco sob os meus pés doídos”

Por outro lado, temos o reino vegetal que deve despertar-se com senso e lógica e contagiar a sociedade em nome da democracia real e inibir os atos violentos do soberano e seu governo totalitário.
Posto assim, a fauna e a flora, com admirável beleza e ao som do orvalho que cai ao amanhecer ecoa bravamente:




“vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer... Pelos campos há fome em grandes plantações. Pelas ruas marchando indecisos cordões. Ainda fazem da flor, seu mais forte refrão. E acreditam nas flores vencendo o canhão...” (Vandré)


Neste “Mundo Subterrâneo” comandado pela Rainha Vermelha ou Rainha de Copas, o povo enfrenta um período difícil, motivo pela qual a menina Alice tem o destino de trazer de volta a glória do lugar. Este seria apenas mais um combate de muitos outros que ocorreram no passado e muitos que ainda estão por vir.
“O Mundo Subterrâneo sempre foi o mundo subterrâneo desde o início, não importa quem esteja no trono. E permanecerá o Mundo Subterrâneo até o fim.” (Disney Mania)
Reunindo-se com os habitantes da terra, Alice encontra amigos e inimigos, os destacamos abaixo, UMA PARÁFRASE DO SITE DINEY MANIA:

O CHAPELEIRO MALUCO

O maior amigo de Alice. Não demonstra suas emoções abertamente. O humor é agregado em seu rosto e em suas vestes. Talvez, por ser ele vítima desse mundo cão, silencia algo que não poderia vencer sozinho sem a ajuda de Alice.

O GATO RISONHO

Possui habilidade de ser invisível. Cabeça sem corpo. Sorriso largo que quase toma toda a cabeça. Irônico. Fala cantada como de um diplomata.
Características que revelam uma região inglesa onde os “gatos” comem os “ratos”, quer dizer, uma elite mais inteligente e nobre que comanda os mais estúpidos e que nasceram para serem servos, mesmo que estes estejam em alto escalão da nobreza.
Gato Risonho: Parece que você fugiu assustada de alguma coisa com garras fortes.
G: Você precisa ser purificada por alguém com a habilidade de evaporar, senão apodrecerá e putrefará.
G: Eu nunca me envolvi em política.
Extrapolando um pouco; não posso deixar de relacionar o “sorriso” do Chessur com “Mozart”. Foi a primeira imagem que tive reforçada pela momento em que Chessur diz a alice que ela tem que ser “purificada”. Nas palavras de Mozart, exemplifico:



“Mozart em alguma medida ecoou todas essas crenças e opiniões, como sua correspondência atesta. Condenava os ateus - chamou “Voltaire” de "ímpio arquipatife" - e fez em muitos momentos menções devotas a Deus. Tinha grande sensibilidade para as desigualdades sociais e um agudo senso de amor próprio, e uma carta que escreveu após seu confronto com o patrão Colloredo é ilustrativa nesse sentido. Nela ele diz: "O coração nobilita o homem e, se seguramente não sou conde, talvez tenha em mim mais honra do que muitos condes; e, lacaio ou conde, na medida em que ele me insulta, ele é um canalha.” (Wikipédia)

“Gatinho Cheshire, que caminho devo seguir? – perguntou Alice.
“Depende onde você quer chegar, respondeu o gato.
“Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice.
“Você não pode evitar isso”, replicou o gato.
“Todos nós aqui somos louco. Eu sou louco, você é louca”.
“Como você sabe que eu sou louca?” – Indagou Alice.
“Deve ser”, disse o gato, “Ou não estaria aqui”.

Sem adentrar na questão que envolve todos os grandes gênios de nossos antepassados e considerados LOUCOS por sua genialidade, vamos enfatizar simbolicamente, “A história da Loucura” afirmada por Michel Foucault. Também, relacionar um desabafo excepcional de Hebert Viana e tirar suas próprias conclusões:

“(...) a máxima moderna é uma só: pagando bem que mal tem? Não importa os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa (...)”

A fome, a Corrupção, roubar, matar, mentir, obter conquistas sexuais, sem limites ... é normal. Saudável. "O PAÍS DAS MARAVILHAS"! Loucura, psicopatia, anormalidade é você lutar pelo amor, pela verdade e pela humanidade. Mais uma vez, busco em Mozart o que há de mais saudável, eu que um dia o chamei de LOUCO.



"Ele é demasiadamente confiante, demasiadamente inativo, demasiadamente fácil de apanhar, demasiadamente pouco atento para os meios que podem levar à fortuna. Para causar uma impressão aqui, deve-se ser arguto, empreendedor, ousado. Para fazer fortuna, eu desejaria que ele tivesse metade do seu talento e duas vezes mais astúcia.”

IRACEBETH, A RAINHA DE COPAS
(ou Rainha Vermelha)

Representa uma crítica a Monarquia Tirana da Inglaterra no passado. Com sua cabeça enorme, temperamento egoístico e nervoso; gritar era seu ponto forte e autoritário. Seu nome justifica seus atos e sua época (IRAceBETH). Suas ordens se resumiam sempre em: “ Cortem-lhe a cabeça!” Sátira as punições e castigos próprios da época.
Importante ressaltar a natureza moral e emocional da Rainha de Copas (vermelha), considerando que todas as coisas no castelo possuíam a forma de um coração, inclusive suas roupas e sua boca. Com tanta malvadeza que lhe é conferida, por que não a Rainha de Espada? No entanto, além de representar um jogo de cartas, ela é, acima de tudo, a RAINHA DE COPAS.
Mais um jogo no filme e vejam como é sugestiva suas origens. Bem diferente do jogo de xadrez com intenções subjacentes a Igreja ou a Religião, dessa vez, o jogo trás uma conotação econômica e causadora de tamanha obscuridade no “Mundo Subterrâneo”.


Jogos de Cartas ou baralho é o nome dado aos jogos que utilizam de um conjunto de cartas. Pode-se jogar sozinho, mas em regra, joga-se com mais de uma pessoa ou duplas. “Desde o século X ac. os jogos de cartas tem fascinado a humanidade. Desde as simples tiras de papel nascidas no oriente as cartas que se tornaram conhecidas na Europa a partir do século XVI, as cartas se tornaram um fenômeno universal. (wikipédia)

Ao meu ver, esta rainha ao optar pelo caminho da fortuna e do poder é obrigada a tolerar as tristes consequências da bajulação, DISFARCES, interesse, abdicar-se do AMOR – sentimento que a isola de tudo e de todos, a reprime e a inferioriza por não tê-lo. Poder e amor (de modo geral) nunca andaram juntos, portanto, O CORAÇÃO em sua boca silencia o que ela mais temia abdicar. Não há lugar para remorsos e nem caminho de volta. E a forma que ela encontrou para demonstrar isso, foi desenhar o coração em todas as coisas. Fato é que ela mandava cortar as cabeças, mas nunca foi mostrado execução alguma. O lago ao redor do castelo com cabeças decepadas que flutuam sobre ele, é mais uma demonstração das violações e agressões contra a humanidade. Observe, O Exército VERMELHO. Seus movimentos, o marchar curto, definem bem um pais com dogma político da era Hitler. Apesar dos pesares, existia uma alma de criança na Rainha de Copas.
Após um presságio de revolução contra ela, a rainha entende que a tirania por si só é inadequada,e, não obstante, deve "fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio". (MAQUIAVEL,2001,p.31)
Importante referência a Maquiavel, quando retrata na passagem abaixo, que para governar é preciso peso e medida.
“Maltratados e escravizados pela corte da rainha vermelha. Todos vocês venham lutar! Unam-se contra a tirania da Rainha Vermelha”. Nesse momento a rainha se dirigiu ao Valete e disse: Você tem razão Stayne... “é muito melhor ser temida do que amada”.(O filme)


Fora Cabeçuda! “Uma cabeça tão magnífica e heróica como um globo”. O chapeleiro sugere cobri-la com chapéus: “em forma de sino ou capuz, gorro, touca com fitas, turbante, solideu, com emblemas de feltro, escocês, chapéu coco, bicorne, tricorne com lenço, bengrace, com penas, para dormir, garibaldi...” (O filme)


Quantos países podemos citar aqui? Há também uma alusão a rede global (mundial)?

A Rainha de Copas tinha o controle sobre o “País das Maravilhas”, mas era submissa ao Poder Soberano do JAGUADARTE – O MONSTRO “com olhos de fogo, mandíbulas que mordem e presas que agarram. Cuidado com o JAGUADARTE, filho. E o frumioso CAPTURANDAM. Ele empenhou sua espada Vorpal, a lâmina Vorpal que fura quem a encara. Matou o mal e com a cabeça triunfal, ele voltou galopando vitorioso.” (O filme)

MIRANA, A RAINHA BRANCA

Irmã caçula da Rainha Vermelha, possui um aspecto gentil, doce, transparente, porém, um lado sombrio e oculto que não se manifesta em momento algum.
Uma passagem muito interessante e criativa dessa personagem surge quando ela prepara o SUCO MINIMIZADOR para Alice voltar ao tamanho normal. Insulto ao Poder Soberano dando-lhe algumas características:

“Uma pitada de gordura de verme; Urina de mosca de cavalo; dedos amanteigados; três moedas do bolso de um morto; duas colheres de chá de desejos irreais e salivas a cuspe para terminar a poção.” (O filme)

FANTÁSTICO!!!!

Na busca de um guerreiro que pudesse enfrentar o JAGUADARTE, ela disse a Alice:

“Não pode viver para agradar aos outros. A escolha deve ser sua. Por que quando enfrentar aquela CRIATURA, estará SOZINHA. Não se conquista nada com lágrimas.” (O filme)

O confronto entre as duas irmãs e rainhas, não é apenas um confronto fraternal, mas uma referência a "GUERRA DAS DUAS ROSAS". Isso é história!

TWEEDLEDEE E TWEEDLEEDUM

Gêmeos gorduchos, confusos, infantis, adoráveis, gentis. Com aspecto inocente e bem intencionados, falam baixo e “através de charadas e ritmos esquisitos”, mais uma alusão a representação política.

ILOSOVIC STAYNE, O VALETE DE COPAS

Assustador, arrogante e chefe do exército vermelho. Sua estatura está próxima de um gigante. Parece-me uma definição do exército mais temido do mundo. Algo assim:



“Pensem nas crianças mudas telepáticas. Pensem nas meninas cegas inexatas. Pensem nas mulheres rotas alteradas. Pensem nas feridas como rosas cálidas. Mas não se esqueçam da rosa da rosa. Da Rosa de Hiroshima, a Rosa hereditária. A Rosa radioativa estúpida e inválida. A Rosa com cirrose, a anti-rosa atômica. Sem cor sem perfume, sem rosa sem nada.” (Vinícius de Moraes, 1946)

O COELHO BRANCO

Esperto, inquieto, sempre atrasado e correndo. Induz a Alice a encontrar seu destino. Acolhedor e rígido. Sua aparência exterioriza dois líderes mundiais, ou três.

DORMIDONGO

Pequeno mas destemido. Guerreiro.

BANDERSNATCH

Criatura horripilante e grande. Garras afiadas. Capturadam que acaba por se aliar a Alice.

A LEBRE DE MARÇO

Paranóico e ansioso

BAYARD, O CÃO

Cúmplice forçado do exército da Rainha Vermelha e aliado secreto de Alice.

O PÁSSARO DODÔ

Um ancião e conselheiro

ABSOLEM, a LAGARTA

Um dos personagens mais importante e enigmático dessa história. Sábia e guardiã absoluta do oráculo – um pergaminho localizado no píleo (mais um chapéu) do cogumelo vermelho. Esconde mistérios e perigos do passado, presente e futuro do “Mundo subterrâneo”, onde pode ser encontrada a solução, que transformará esse mundo para sempre. Se observarmos que o cogumelo é o local sagrado do oráculo, então, encontraremos significados relevantes na construção história da humanidade.

Vejamos algumas palavras chaves que definem o “Mundo Subterrâneo”:
 Cogumelo é o nome comum dado às frutificações de alguns fungos das divisões Basidiomycota e Ascomycota. A frutificação é a estrutura de reprodução sexuada destes organismos, tendo uma ampla variedade de formas e cores. A maioria dos integrantes do reino Fungi, assim como as bactérias, obtém alimento de outros seres vivos, com os quais se associam. Assim, os fungos podem ser decompositores, parasitas ou mutualísticos. Muitos cogumelos são comestíveis, alguns são largamente cultivados com aplicação de cuidados monitorados, outros, no entanto, são tóxicos, podendo, em alguns casos levar à morte. Há ainda certos cogumelos com propriedades alucinógenas, utilizados tradicionalmente por diversos povos ao redor do mundo. (Wikipédia)

Como não poderíamos deixar de comentar, o Cachimbo de água e a figura do personagem “Aladim” complementamente figurado em Absolem através do “GÊNIO”, trás uma conotação muito importante para a conclusão do mundo subterrâneo, reparem:



Narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar. Além desse nome, de origem árabe, também é chamado de hookah (na índia e outros países que falam inglês), shisha ou goza (nos países do norte da África). Há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. É tradicionalmente utilizado em muitos países do mundo, em especial no Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia. O Narguilé tem origem no Oriente. Uma das versões é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul FAth, como um método para retirar as impurezas da fumaça. Quando chegou à China, passou a ser utilizado para fumar o ópio, e assim permaneceu até a revolução comunista, no fim da década de 1940. Na mão dos árabes, o cachimbo de água foi rapidamente incorporado para histórias de narguilés na Pérsia e na Mesopotâmia.



ALADIM, Alāʼ ad-Dīn






literalmente "nobreza da fé" é um personagem fictício do conto de origem árabe conhecido como Aladim e a Lâmpada Maravilhosa. O conto de Aladim é um dos mais famosos da coletânea árabe. Creem, também, numa origem egípicia e elementos europeus. Aladim é nascido na China. É travesso e prefere brincar a trabalhar. Por este motivo, é também descrito como mau e desobediente. A lamparina com o gênio era para o mago um recurso mágico que lhe daria mais poderes e que lhe permitiria realizar os desejos irrestritamente; mas ela estava guardada no interior de um jardim encantado, em uma espécie de GRUTA ou CAVERNA, que continha muitas jóias, moedas e ouro. O gênio que habitava a lâmpada se manifesta após um gesto acidental de esfregá-la, e concede a Aladim a realização de seus pedidos, que são todos consumados. Um dos desejos de Aladim foi o de se tornar um príncipe e desposar a princesa, filha do sultão. Ao transformar radicalmente sua realidade pessoal tornando-se príncipe, transforma-se em adulto, casa-se e passa a ser o governador de seu reino.

E agora um GRANDE FINAL com a vitória do BEM sobre o MAL que desenvolve da seguinte maneira:

Ao enfrentar o JAGUADARTE, Alice começa acreditar em seis coisas impossíveis:

1.Há uma poção que faz você encolher. (os vermes, os porcos, os corvos, os monstros, mas que você pode vencer.) Reduzir os indesejados é o objetivo da burguesia e dos dominadores.

2.E um bolo que faz você crescer. (a resistência, a força, a coragem, a fé, a bondade, a amizade) Contudo, no mundo subterrâneo só há progresso para uma pequena maioria que crescem de fato. Outras, se iludem a interesses e promessa.

3.Animais sabem falar. (animais é elogio, monstros) Um belo discurso e de falsas palavras vinda de animais/monstros. Já o ser humano é silenciado.

4.Gatos podem desaparecer. (esperança, alma, divindade ao estilo Inglês) Entre outras mais definições, os ladrões que ninguém consegue alcançar.

5.Existe o “País das Maravilhas” (agora eu quero crer no país de Alice. É só nos sonhos acreditar) O que é real e o que é sonho? Pois é! É o mundo subterrâneo controlando o mundo real. Não pode ser visto, mas ele existe.

6.Eu consigo matar o JAGUADARTE. (MONSTRO INVISÍVEL pode morrer)

Moral da história

Alice, uma alma independente que se sente presa em meio à mentalidade estreita das mulheres da aristocracia vitoriana de Londres. Alice Kingsleigh não sabe bem como equilibrar seus sonhos com as expectativas das outras pessoas.” (O FILME)

Após sair vitoriosa na luta contra o Jaguadarte, começou a pensar em sua total liberdade e no futuro que ela poderia construir sem interferências. O final do filme mostra um diálogo de Alice com o seu quase sogro que narra:

“Meu pai queria expandir seu comércio até Sumatra e Bornéu. Mas acho que ele não estava olhando longe o bastante. Por que não expandir até a CHINA?" (O FILME) 

"É vasta, a cultura é rica, e temos um apoio em HONG KONG. Seríamos os primeiros a comercializar a CHINA , já imaginou?” (O FILME)

No fundo Alice acreditava que a China era a maior potência mundial, e então, seguiu adiante para expandir seus sonhos como aprendiz de uma empresa.

Devemos acreditar que nossos sonhos podem se tornar reais. As duas amigas, Alice e Absolem, mostraram o caminho – TRANSFORMAÇÃO. Alice com poder de decisão e escolha própria, segue sua vida sem ser manipulada e submissa. Livre. Por outro lado, Absolem – a lagarta que se transforma em uma borboleta. É uma mudança na forma e na estrutura do corpo, bem como um crescimento e uma diferenciação dos Estados Juvenis ao estado adulto. Quer afirmar que as duas formas de vida, LIVRES, certificam que “nada mudará a sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo e ao lado dos aparelhos de Estado a um nível mais elementar, cotidiano, não forem modificados”. (FOUCAULT, 2010)

Voem Livres para além do horizonte e em busca de seus sonhos.

FRASES INTERESSANTES:

a.Você está totalmente pirado, mas vou lhe contar um segredo... as melhores pessoas são assim.

b.Essa história de sangue e morte me tira a vontade de tomar chá.

c.O mundo todo sendo destruído e o pobre Chessur não tem vontade de tomar chá.

d.O tempo ficou muito ofendido e parou. Nenhum tic tac desde então.

QUAL A SEMELHANÇA ENTRE O CORVO E UMA ESCRIVANINHA?

R.: o filme não dá respostas. Sugiro que analise um corvo com um intelectual – aqueles considerados LOUCOS; apreensão do Conhecimento, talvez?  Ou então, seria o "Ministério da Verdade"? "Mentiras deliberadas"? George Orwell em sua obra "1984", dentre os diversos significados para corvo e escrivaninha,  teria a resposta para a pergunta?

http://www.disneymania.com.br/conheca-os-personagens-de-alice/

Dedico esta crítica a JUJU MONIQUÉIA, “LORD SHEN” e “LORD VOLDEMORT”

قتلة وتجار المخدرات واللصوص

REFERÊNCIAS: 

MENDONÇA, Carlos Magno Camargo. Tomai e comei todos vós, este é o meu corpo que é dado por vós. 2003. Disponível em:
http://www.revista.cisc.org.br/ghrebh/index.php?journal=ghrebh&page=article&op=view&path%5B%5D=249

MINCHILLO, Carlos. A sociedade Vitoriana. Disponível em: http://2005leiturasjornalismo.blogspot.com.br/2005/11/sociedade-vitoriana-trechos.html

Tudo Sobre os Personagens. Disponível em:
http://www.disneymania.com.br/conheca-os-personagens-de-alice/Tudo

Wikipéida, a enciclopédia libre. Wolfgang Amadeus Mozart. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_Amadeus_Mozart